EDIÇÃO 48

A fisioterapia no tratamento do paciente com câncer de pele

“A fisioterapia desempenha um papel fundamental no tratamento de pacientes com câncer de pele, tanto do tipo não melanoma quanto melanoma.”

Cada tipo de câncer de pele apresenta desafios específicos, e a intervenção fisioterapêutica pode ser adaptada para atender às necessidades individuais de cada paciente.

O câncer de pele não melanoma é o tipo de câncer que apresenta a maior incidência no mundo, porém de menor mortalidade. Manifesta-se principalmente de duas formas: carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular.

Carcinoma Basocelular (CBC):

•  É o tipo mais comum e menos agressivo.

• Manifesta-se como lesões na pele que podem ter a aparência de nódulos brilhantes e perolados, áreas avermelhadas, ou feridas que não cicatrizam

• Geralmente, ocorre em áreas expostas ao sol, como rosto, orelhas, pescoço, couro cabeludo.

• As lesões crescem lentamente e raramente se espalham para outras partes do corpo (metástase), mas podem causar danos significativos aos tecidos ao redor se não forem tratadas.

Carcinoma Espinocelular (CEC):

• É o segundo tipo mais comum e pode ser mais agressivo que o carcinoma basocelular.

• Aparece como lesões que podem ser vermelhas, escamosas, com uma superfície áspera, ou como uma ferida que sangra ou forma crostas.

• Também é comum em áreas expostas ao sol, mas pode surgir em cicatrizes antigas, úlceras crônicas, ou áreas de pele que sofreram dano prévio.

• Ao contrário do CBC, o CEC tem maior chance de se espalhar para outras partes do corpo (metástase) se não for tratado precocemente.

O melanoma é um tipo de câncer de pele mais raro, porém com maior letalidade. É caracterizado por uma pinta com bordas irregulares, assimétrica, com tamanho maior que 6 mm e diferentes tons de coloração. Pode ser uma pinta nova ou uma antiga que se modificou com o passar do tempo. Em alguns casos pode coçar e sangrar.

Fisioterapia no câncer de pele não melanoma

O câncer de pele não melanoma é menos agressivos do que o melanoma. No entanto, em casos avançados ou após a remoção cirúrgica de grandes áreas da pele, podem ocorrer complicações que requerem intervenção fisioterapêutica.

A fisioterapia pode ajudar na reabilitação pós-cirúrgica, facilitando a cicatrização e prevenindo complicações como aderências e perda de mobilidade. Técnicas de mobilização tecidual, fotobiomodulação (aplicação de laser e Led), aplicação de uma fita adesiva (kinesiotape) e exercícios podem ser indicados.

Fisioterapia no câncer de pele melanoma

O melanoma é mais agressivo e pode exigir tratamentos mais intensivos, como cirurgias extensas e radioterapia.  Caso haja metástase (disseminação do câncer) em linfonodos (gânglios) realiza-se uma linfonodectomia radical (retirada de todos os linfonodos, que podem ser na axila, virilha ou no pescoço).

Essas intervenções podem levar a limitações funcionais, fraqueza muscular e até mesmo linfedema (inchaço do membro) especialmente se houver remoção de linfonodos. Os principais sintomas do linfedema são sensação de peso no membro e notar que sua roupa está mais apertada no braço ou a perna do lado da linfonodectomia.

O tratamento do linfedema, também conhecido como Terapia Física Complexa Descongestiva é feito através de drenagem linfática manual, enfaixamento compressivo do braço ou da perna, uso de meia elástica ou braçadeira, exercícios, cuidados com a pele e orientações.

A fisioterapia não trata apenas o linfedema, também se preocupa com a função do membro, pois o paciente, na maioria das vezes, apresenta dificuldade de elevar o braço ou movimentar a perna devido à retirada dos linfonodos. Neste caso, a fisioterapia é feita através de terapia manual, alongamentos e exercícios.

Pode ocorrer também a formação de acúmulo de líquido na região que os linfonodos foram retirados (seroma), enrijecimento da pele (fibrose) e alterações cicatriciais, tratados com técnicas manuais, fotobiomodulação e kinesiotape.

Outra alteração muito comum é perda de sensibilidade na região da retirada dos gânglios e na região do melanoma, tratada com o uso de objetos de diferentes texturas para estimulação.

Independente do tipo de câncer de pele, a fisioterapia oferece benefícios importantes para a qualidade de vida dos pacientes. A intervenção precoce pode prevenir complicações, melhorar a mobilidade e a função, além de ajudar no manejo da dor e da fadiga, que são comuns em pacientes oncológicos.

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