“A fisioterapia desempenha um papel fundamental no tratamento de pacientes com câncer de pele, tanto do tipo não melanoma quanto melanoma.”
Cada tipo de câncer de pele apresenta desafios específicos, e a intervenção fisioterapêutica pode ser adaptada para atender às necessidades individuais de cada paciente.
O câncer de pele não melanoma é o tipo de câncer que apresenta a maior incidência no mundo, porém de menor mortalidade. Manifesta-se principalmente de duas formas: carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular.
Carcinoma Basocelular (CBC):
• É o tipo mais comum e menos agressivo.
• Manifesta-se como lesões na pele que podem ter a aparência de nódulos brilhantes e perolados, áreas avermelhadas, ou feridas que não cicatrizam
• Geralmente, ocorre em áreas expostas ao sol, como rosto, orelhas, pescoço, couro cabeludo.
• As lesões crescem lentamente e raramente se espalham para outras partes do corpo (metástase), mas podem causar danos significativos aos tecidos ao redor se não forem tratadas.
Carcinoma Espinocelular (CEC):
• É o segundo tipo mais comum e pode ser mais agressivo que o carcinoma basocelular.
• Aparece como lesões que podem ser vermelhas, escamosas, com uma superfície áspera, ou como uma ferida que sangra ou forma crostas.
• Também é comum em áreas expostas ao sol, mas pode surgir em cicatrizes antigas, úlceras crônicas, ou áreas de pele que sofreram dano prévio.
• Ao contrário do CBC, o CEC tem maior chance de se espalhar para outras partes do corpo (metástase) se não for tratado precocemente.
O melanoma é um tipo de câncer de pele mais raro, porém com maior letalidade. É caracterizado por uma pinta com bordas irregulares, assimétrica, com tamanho maior que 6 mm e diferentes tons de coloração. Pode ser uma pinta nova ou uma antiga que se modificou com o passar do tempo. Em alguns casos pode coçar e sangrar.
Fisioterapia no câncer de pele não melanoma
O câncer de pele não melanoma é menos agressivos do que o melanoma. No entanto, em casos avançados ou após a remoção cirúrgica de grandes áreas da pele, podem ocorrer complicações que requerem intervenção fisioterapêutica.
A fisioterapia pode ajudar na reabilitação pós-cirúrgica, facilitando a cicatrização e prevenindo complicações como aderências e perda de mobilidade. Técnicas de mobilização tecidual, fotobiomodulação (aplicação de laser e Led), aplicação de uma fita adesiva (kinesiotape) e exercícios podem ser indicados.
Fisioterapia no câncer de pele melanoma
O melanoma é mais agressivo e pode exigir tratamentos mais intensivos, como cirurgias extensas e radioterapia. Caso haja metástase (disseminação do câncer) em linfonodos (gânglios) realiza-se uma linfonodectomia radical (retirada de todos os linfonodos, que podem ser na axila, virilha ou no pescoço).
Essas intervenções podem levar a limitações funcionais, fraqueza muscular e até mesmo linfedema (inchaço do membro) especialmente se houver remoção de linfonodos. Os principais sintomas do linfedema são sensação de peso no membro e notar que sua roupa está mais apertada no braço ou a perna do lado da linfonodectomia.
O tratamento do linfedema, também conhecido como Terapia Física Complexa Descongestiva é feito através de drenagem linfática manual, enfaixamento compressivo do braço ou da perna, uso de meia elástica ou braçadeira, exercícios, cuidados com a pele e orientações.
A fisioterapia não trata apenas o linfedema, também se preocupa com a função do membro, pois o paciente, na maioria das vezes, apresenta dificuldade de elevar o braço ou movimentar a perna devido à retirada dos linfonodos. Neste caso, a fisioterapia é feita através de terapia manual, alongamentos e exercícios.
Pode ocorrer também a formação de acúmulo de líquido na região que os linfonodos foram retirados (seroma), enrijecimento da pele (fibrose) e alterações cicatriciais, tratados com técnicas manuais, fotobiomodulação e kinesiotape.
Outra alteração muito comum é perda de sensibilidade na região da retirada dos gânglios e na região do melanoma, tratada com o uso de objetos de diferentes texturas para estimulação.
Independente do tipo de câncer de pele, a fisioterapia oferece benefícios importantes para a qualidade de vida dos pacientes. A intervenção precoce pode prevenir complicações, melhorar a mobilidade e a função, além de ajudar no manejo da dor e da fadiga, que são comuns em pacientes oncológicos.