EDIÇÃO 48

Câncer de colo uterino

Recentemente, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou as estimativas globais de câncer. Revelam-se desigualdades impressionantes na incidência e prevalência do câncer conforme o desenvolvimento humano da região/país. Nota-se que a incidência de câncer de colo de útero é muito alta nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento e baixa nos países desenvolvidos.

Para o Brasil neste ano, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) prevê cerca de dezessete mil novos casos de câncer de colo do útero.

As principais justificativas para essa diferença incluem a baixa procura e a dificuldade de acesso aos exames preventivos, sobretudo o colpocitologia oncótica cervical “Papanicolau”, que detecta a doença em seus estágios iniciais. Quando diagnosticado precocemente, a probabilidade de cura é aproximadamente 100%. Inicialmente, este câncer é assintomático, e apenas em fases mais avançadas veremos sangramento vaginal, corrimento e dor.

O exame “preventivo” pode ser feito em unidades de saúde da rede pública e/ou privada e sua realização regular reduz a ocorrência e a mortalidade. É um exame simples e rápido. Para a realização dele não se deve ter relações sexuais (independentemente do uso do preservativo) no dia anterior e evitar o uso de duchas, medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 48 horas prévias. É importante também não estar no período menstrual e mulheres grávidas podem se submeter ao exame.  

A principal causa do câncer de colo de útero é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), transmitido pelo contato sexual e responsável por 99,7% dos casos. E, a vacina é  a medida mais eficaz de se prevenir contra a infecção. Há cinco anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que até 2030, 90% das mulheres até 15 anos devem estar vacinadas contra o papilomavírus humano (HPV), 70% das mulheres deve, estar rastreadas com um teste de alta performance aos 35 anos e depois aos 45 anos, 90% das mulheres com lesões precursoras devem estar tratadas e 90% das mulheres com lesões invasivas. Infelizmente, no Brasil, as taxas de cobertura estão muito aquém da meta. Naquele países em que a cobertura vacinal a atingiu, há redução significativa no número de casos de lesões precursoras. Por exemplo, na Austrália, que vacina suas crianças desde 2007, já faz planos para a erradicação da doença.

De acordo com a  Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), desde a implementação da vacina contra o HPV no SUS em 2014, 75,8% do público feminino tomou a primeira dose e 58,2% tomou a segunda. A imunização masculina, que se iniciou 2017, está em 53,1% na primeira dose e 33,2% na segunda. A vacina é distribuída gratuitamente pelo SUS e é indicada para:

• Meninas e meninos de 9 a 14 anos, com esquema de dose única;

• A vacina não previne infecções por todos os tipos de HPV, mas é dirigida para os tipos mais frequentes: 6, 11, 16 e 18.

A principal causa do câncer de colo de útero é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV)”

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