Disfunção Temporomandibular (DTM) é definido como o conjunto de distúrbios que envolvem os músculos mastigatórios, articulação temporomandibular e estruturas associadas.
1. Dor Orofacial
Dor orofacial é toda dor associada aos tecidos moles e mineralizados (pele, vasos sanguíneos, ossos, dentes, glândulas e músculos) da cavidade oral e da face. Essa dor pode ser referida na região da cabeça e/ou pescoço ou mesmo estar associada a cervicalgias, cefaleias primárias e doenças reumáticas como fibromialgia e artrite reumatoide.
Pode estar associada com patologias ou distúrbios relacionados a estruturas intracranianas e extracranianas (incluindo aneurisma, DTM, distúrbios cervicais, entre outros) e distúrbios dolorosos neurovasculares, neuropáticos e psicogênicos (enxaquecas e suas variações, neuralgias, síndromes psicóticas, distúrbios de comportamento, distúrbios de ansiedade, entre outros). Não se pode, porém, descuidar da identificação de outras fontes de dor orofacial como processos inflamatórios (sinusites, parotidites).
A causa mais frequente de dor orofacial é de origem odontogênica (22%) seguida pela disfunção temporomandibular (DTM- 5,3%).
2. Disfunção Temporomandibular (DTM)
Segundo estudos a DTM é definida como o conjunto de distúrbios que envolvem os músculos mastigatórios, a Articulação Temporomandibular (ATM) e estruturas associadas. Estima-se que 40% a 75% da população apresentem ao menos um sinal de DTM, como ruídos na ATM e 33%, pelo menos um sintoma como dor na face ou na ATM.
As DTM podem ser divididas em dois grupos: Articulares e Musculares. As causas importantes são: Oclusão; Hábitos Parafuncionais; Traumatismos; Hábitos posturais; Qualidade do sono; Fatores Genéticos; Condicionamento Físico; Nutrição; Consumo de água, café e álcool; Tabagismo; Gênero e Fatores psicossociais.
Em muitos casos as más oclusões têm sido associadas ao desenvolvimento de DTM como: mordidas cruzadas, Classe II de Angle, Classe III de Angle, Mordidas Profundas, mordida aberta anterior ou interferências oclusais. Porém, é prudente esclarecer que, segundo um estudo de metanálise avaliando a correlação da ortodontia e DTM, nenhum estudo indicou que o tratamento ortodôntico aumentou a prevalência de DTM, portanto a correlação entre DTM e má oclusão é baixa. Não se pode esquecer que a má oclusão pode ser consequência de uma DTM muscular ou articular, e não a sua causa.
O sintoma mais frequente é a dor, geralmente localizada nos músculos mastigatórios, área pré e/ou pós auricular e ATM. A dor agrava-se pela mastigação ou outra função do sistema estomatognático. Os pacientes frequentemente têm movimento mandibular assimétrico, limitação de abertura e ruídos articulares que são descritos como “raspado” ou “Estalo”, mas podemos definir como click ou crepitação. Outros sintomas são dores de cabeça e na orelha, zumbido e vertigem. Queixa muito comum dos pacientes incluem:
A- Dor maxilar
B- Dor de ouvido
C- Dor de cabeça
D- Dor orofacial.
E- Desgaste oclusal anormal relacionados a parafunções como bruxismo podem ser problemas associados.
Quanto aos sinais, encontram-se primariamente a sensibilidade muscular e da ATM à palpação, limitação e/ ou incoordenação de movimentos mandibulares e ruídos articulares.
A DTM tem origem multifatorial, que incluem: Trauma (direto, indireto ou micro traumas por hábitos Parafuncionais como bruxismo, apertamento dentário, etc.); Fatores Psicossociais (ansiedade, depressão, etc.) e Fatores Fisiopatológicos – 1. Sistêmicos (doenças degenerativas, infecciosas, endócrinas, neoplásicas, neurológicas, vasculares e reumatológicas). 2. Locais (alterações na viscosidade do líquido sinovial, aumento da pressão intra-articular, etc.) e 3. Genéticos.
Os objetivos do tratamento para pacientes com DTM:
1- Redução ou eliminação da dor
2- Redução das cargas adversas,
3- Restaurar a função
4- Restaurar as atividades diárias normais.
Educação do paciente, auto manejo, intervenção comportamental, utilização de fármacos, placas interoclusais, terapias físicas, treinamento postural e exercícios compõem a lista de opções aplicáveis a quase todos os casos de DTM. E em relação às cirurgias de ATM são necessárias em alguns poucos casos específicos, tais como anquilose, fraturas e determinados distúrbios congênitos ou de desenvolvimento.
3. Tratamento das Alterações Articulares
A articulação Temporomandibular (ATM) é constituída pela cabeça da mandíbula, que se articula dentro da fossa mandibular do osso temporal – estruturas revestidas por uma fina camada de fibrocartilagem denominadas Membrana Sinovial. O disco articular separa essas duas estruturas ósseas e permite a articulação realizar movimentos promovendo a distribuição e dissipação do estresse da ATM.
É importante salientar que a degeneração articular pode ocorrer em pacientes com disfunção de ATM sem patologia sistêmica envolvida ou com alterações sistêmicas diagnosticadas como Artrite Reumatóide.
O tratamento consiste em abordagens não cirúrgicas como:
A – Placas miorrelaxantes associadas ao acompanhamento e ajustes criteriosos.
B – Agulhamento Seco
C – Fisioterapia
D – Infiltração da Toxina Botulínica nos músculos da mastigação
Ou tratamento com abordagem cirúrgica como:
A – Reposicionamento Discal ou discopexia
B – Artrocentese consiste na lavagem da câmara supra-discal da ATM
C – Artroscopia
D – Reconstrução Total da ATM com prótese
E por último e não menos importante a estética dental entra na etapa final de qualquer tratamento. Priorizar a sinergia e integração de um trabalho multidisciplinar é fundamental, sempre levando em consideração não apenas os aspectos clínicos e funcionais de cada paciente, mas também os aspectos emocionais, comportamentais e de estilo de vida, incluindo alimentação e gerenciamento do estresse. Devemos compreender as características individuais do paciente, suas necessidades e anseios, respeitar a composição do sorriso e definir a melhora da função e da estética como o principal objetivo tendo uma visão global da face e os detalhes do sorriso, para assim, indicar o tratamento mais adequado.