Nas consultas reumatológicas, muitos pacientes têm dor e sequelas de doenças inflamatórias articulares e é comum que os pacientes aceitem a dor como parte do processo do envelhecimento. Sendo assim, evitam deslocamentos para exames e consultas para não incomodar parentes e amigos e se auto medicam, se isolam e assim perdem qualidade de vida.
Abaixo deixo alqumas questões e orientações que costumo ter com os pacientes na prática clínica:
• Mudanças de padrão de dor devem ser valorizadas. Por exemplo qualquer dor associada a febre, emagrecimento, piora do sono, prostração intensa ou isolamento social, precisa ser revista em nova consulta e eventualmente com exames e imagens .
• Fibromialgia acima de 50 anos exigirá exames. Não tem como saber se a fadiga, fibrofog, mal estar geral, dor geral é “só da fibro” ou se há mais problemas escondidos.
• Remédios têm interação entre si e alguns eventos adversos são aceitáveis outros não. Na população idosa, os medicamentos para controle de pressão arterial, humor, sono, vitaminas, diabetes, colesterol, anticoagulantes podem aumentar ou diminuir efeitos das medicação anti-dor. Muitas vezes não haverão estudos que digam as interações possíveis e as vezes precisamos controlar sintomas imediatamente. Então é importante contar tudo para seu médico, incluindo colírios, medicações tópicas nasais, fitoterápicos etc, até porque alguns remédios podem ser o motivo da dor. Sempre sugiro fotografar receitas e caixas de remédio e enviar para um cuidador ou parente, assim é fácil encontrar a informação. Se houverem efeitos da medicação iniciada sugerimos o aviso imediato.
• Exames abundantes nem sempre ajudam, mas não saber contar o exame realizado traz ainda mais perda de tempo. Nas consultas clínicas, especialmente as reumatológicas trazer os exames do último ano, incluindo os de outras especialidades pode ser útil e ali já estar citando alguma contra indicação de medicação ou ainda um dado importante para a queixa.
• Trazer o cuidador que conheça o paciente, que tenha bom entendimento e boa vontade. Esse cuidador precisa ver, escutar e as vezes até falar pelo paciente. Ajudar a colocar o paciente na maca, despi-lo e vesti-lo é função do acompanhante e portanto o ideal é que venha alguém com alguma intimidade.
• Trazer o cartão vacinal. Atualmente as vacinas são um meio eficaz para prevenção de doenças e complicações. Antes de vacinar é importante uma avaliação médica, pois há medicações que poderão contra indicar alguns tipos de vacinas ou temporariamente adiá-las.
• Tomar água mesmo sem sede! Ter uma meta a atingir no consumo de água é melhor que esperar ter sede. Com a idade, a percepção de desidratação pelo corpo piora e muitas vezes o paciente sente-se mal, com dores de cabeça, fadiga e prostração por conta de falta de água no organismo. Essa situação pode levar a insuficiência renal.
• Fazer exercícios. Exercício precisa ser encarado como remédio. Evite dar desculpas e procure soluções. A autonomia depende de estar fortalecido pela atividade regular. Exercícios domiciliares são uma saída para aqueles com dificuldade de sair de casa. Na maioria das vezes sugerimos supervisão de um profissional de educação física ou fisioterapia, para evitar lesões e quedas.
• Parar de fumar. Os hábitos precisam ser revistos em qualquer fase da vida. Muitas vezes diagnósticos de doenças funcionam como um bom gatilho para melhorar comportamentos. Se puder, porem, pare de fumar antes dos problemas aparecerem. Há benefício em qualquer contexto.
• Evitar álcool, excessos de açúcar e gordura, mesmo se for magro. As dores e a fadiga pioram com excessos.
• Sono é importante. Se o cônjuge ronca, se possível, sugiro mudar de quarto. Se o paciente é cuidador de alguém a noite, ter dias de folga para se recuperar. A recuperação de sono do paciente idoso é mais demorada.
• Aos idosos que são cuidadores de netos, dos próprios pais e companheiros oriento que chamem ajuda e falem das dificuldades. Não são poucos os idosos que não têm coragem de dar responsabilidades aos outros irmãos, aos filhos e aos cônjuges e acabam sobrecarregados, doentes e julgados por estarem sempre no médico e nunca melhorarem. É necessário rede de apoio em qualquer idade.