Assim como você deve estar imaginando, essa é sim uma operação assistida por robôs. Mas diferente do que muitas pessoas acreditam, não é o robô que realiza a cirurgia de forma autônoma. Pelo menos não ainda nos dias de hoje!
Para que este método seja executado, é utilizada tecnologia de ponta para auxiliar o cirurgião a realizar as manobras operatórias de forma mais minuciosa e com segurança. Importante mencionar que esta tecnologia já é realizada no Brasil há aproximadamente 15 anos, contudo, nos dias atuais vem ganhando muito espaço e se disseminando para os grandes centros médicos do país.
A cirurgia é conduzida pelo cirurgião, que sentado em um console, fora do campo cirúrgico e não paramentado, realiza os movimentos e manobras operatórias, utilizando um joystick. Atualmente existe mais de uma plataforma robótica, mas ambas as existentes têm em comum um carrinho, onde se localizam os braços do robô, e ficam junto do paciente. Estes braços acoplados ao paciente transmitem os movimentos realizados pelo cirurgião.
Um destes braços controla uma moderna câmera Full HD e 3D, que permite um visualização excelente das estruturas anatômicas em 3 dimensões, dando a noção precisa de profundidade que as câmeras de vídeo cirurgia não alcançariam. Ainda, todos os movimentos do cirurgião são filtrados para evitar tremores, reduzindo a chance de movimentos não desejados, aumentado a segurança para o paciente.
Podemos então dizer que a cirurgia robótica é a evolução da vídeo-cirurgia? Sim, vejo desta forma.
Os dois métodos têm muitas semelhanças. São métodos pouco invasivos, utilizando pequenas incisões por onde são inseridos trocáteres. Nesses trocáteres são acopladas pinças que manipulados pelo cirurgião – direta ou indiretamente – realizarão, finalmente, a cirurgia. Ambos os métodos utilizam uma câmera para a visualização.
Na plataforma robótica observamos melhoras importantes que levaram a cirurgia minimamente invasiva para outro patamar. Tempos cirúrgicos e cirurgias que são muito complexas para serem realizadas por vídeo cirurgia, tornaram-se mais factíveis e mais seguras pela plataforma robótica, como por exemplo, as cirurgias em espaços reduzidos e de difícil acesso, dentre elas a Prostatectomia Radical e a Cirurgia de Câncer de Reto. O refinamento em visualização e movimentos atingido pelo robô permitiram mais facilidade técnica e segurança nestes procedimentos.
A realização de suturas por vídeo-cirurgia devido às pinças serem rígidas e sem articulações são de difícil confecção, principalmente em espaços reduzidos e suturas mais extensas. A robótica melhorou de forma muito expressiva esse aspecto. A articulação da ponta da pinça e o controle remoto pelo joystick deixam os movimentos bem mais naturais, imitando de forma muito parecida os movimentos da mão humana, possibilitando mais naturalidade na confecção de suturas e realização do procedimento como um todo.
Com a cirurgia robótica, a cirurgia minimamente invasiva atingiu seu patamar mais elevado. Melhorando em tudo os avanços conquistados previamente pela cirurgia por vídeo: trauma ainda menor, recuperação mais rápida e menos sofrida.
O treinamento para o cirurgião aprender a trabalhar com a plataforma robótica e ficar apto a realizar as cirurgias consiste desde o trabalho em simuladores, simulações na própria plataforma com programas específicos, cirurgias virtuais e cirurgias em caixas de treinamento. Finalmente, após todas estas etapas, o cirurgião ainda deve ser acompanhado por um “proctor” (cirurgião experiente em cirurgia robótica), nas suas primeiras cirurgias, até que o mentor tenha certeza de que o cirurgião está pronto para realizar suas cirurgias sozinho, aumentando ainda mais a segurança do procedimento para o paciente.
A Cirurgia Robótica está revolucionando a cirurgia geral e oncológica, com alguns anos já em prática nos grandes centros médicos do mundo, podemos certamente dizer que ela veio para ficar.
Esta metodologia tende a evoluir na própria plataforma com robôs cada vez melhores, quebrando cada dia mais limites, tornando-se cada vez mais acessível e menos cara. Disseminando-se aos poucos para centros médicos também em cidades não capitais, ou menores, como a nossa cidade.